Fotógrafo de Balneário Camboriú é condenado por estupro, violação e assédio sexual

O fotógrafo Jorge Amaro de Moura, de 58 anos, foi condenado pela Justiça Federal de Santa Catarina a 14 anos e 10 meses de prisão por estupro de vulnerável, violação e assédio sexual, o caso foi revelado por Roberto Cabrini e o ND+ trouxe à tona detalhes da denúncia contra Moura à época.

O fotógrafo e agenciador de modelos de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, foi alvo de uma investigação da Polícia Civil por supostamente produzir e vender fotos sensuais de crianças e adolescentes e por assediá-los sexualmente. Mais de 80 vítimas denunciaram o fotógrafo.

Fotógrafo investigado por aliciar modelos em Balneário Camboriú é condenado

Jorge Moura foi condenado por estupro de vulnerável, violação e assédio sexual – Foto: Reprodução/Record TV/ ND

Moura chegou a ser preso em março de 2022 pela Polícia Federal, mas foi solto em junho do mesmo ano por decisão da Justiça. A condenação foi em primeira instância e cabe recurso.

Vítimas relatam abusos cometidos por fotógrafo

Amanda* descobriu que suas fotos, feitas em 2019 para uma marca de biquínis, estavam sendo vendidas em um site associado à pornografia infantil.

Na plataforma, as fotos e os vídeos de várias crianças e adolescentes, incluindo as de Amanda, são anunciadas em dólar por valores que variam entre US$ 10 a US$ 30 por conteúdo. São imagens das modelos vestindo biquíni e shorts com a descrição da idade de cada uma e os nomes trocados.

Fotógrafo foi investigado e condenado por comercializar fotos eróticas de crianças e adolescentes de Balneário Camboriú – Foto: Polícia Federal/Divulgação

O ensaio de Amanda foi feito em 2019, após ela ter sido convidada pelo fotógrafo para um ensaio no estúdio dele, no Centro de Balneário Camboriú. As fotos eram feitas para uma marca de roupas de banho, inicialmente, sem remuneração. Depois, a modelo passou a receber R$ 300, além de peças de biquíni e roupas como pagamento pelas fotos.

Foi uma amiga que contou para Amanda que as fotos dela estavam sendo vendidas. Um perfil anônimo teria denunciado o site e alertado as jovens.

Outra modelo relata que sofreu assédio durante o ensaio. “No último ensaio ele tentou me beijar. Ele foi bem claro nas palavras: ‘te torno miss, mas tem que deixar eu cuidar de você’, e colocou a mão nas minhas partes íntimas”, relata a vítima. “Depois disso, nunca mais apareci lá”.

 

“Insistia em dizer que antigamente podia se relacionar com meninas mais novas”

Carla* alega que tinha 19 anos quando começou a ser fotografada pelo suspeito. Ela conta que foi acompanhada no primeiro ensaio, mas que o fotógrafo não tinha gostado porque “o acompanhante tirava a atenção da modelo”. Ele também pedia para que as meninas não usassem sutiã, pois “marcava na roupa”.

A modelo tinha que se trocar em um espaço com espelhos e uma câmera que, segundo o fotógrafo estaria inativa. Já no ensaio, Carla relembra momentos traumatizantes. “Ele pediu para eu encostar na parede, fechar os olhos, imaginar cenas excitantes e tentar soltar os lábios aos poucos para fazer o famoso carão. Ele se aproximou de mim a ponto de quase dar um beijo, era possível sentir sua respiração, eu permaneci imóvel e com muito medo, foi então que ele começou a tocar nas minhas partes íntimas e eu saí imediatamente”, relata.

Modelos aliciadas por fotógrafo era obrigadas a trocar de roupas em ambientes públicos – Foto: Pixabay/Divulgação/ND

Com medo de não conseguir realizar o sonho de ser modelo, Carla conta que passou a fazer os ensaios com o fotógrafo apenas em público e que reforçava, a todo momento, que namorava no intuito de impedir que ele tentasse tocá-la novamente.

“Ele fez muito a minha cabeça dizendo que eu tinha potencial e que se ficasse com ele, ele poderia me levar longe, me fazer crescer na  carreira, e que todas as garotas que ele levou para o miss tinham passado por isso. Assim, eu poderia estar perdendo uma chance que eu nunca mais teria. Eu acreditei nisso”.

“Ele falava muitas atrocidades, insistia em dizer várias vezes que essa geração era muito mimimi e que antigamente podia se relacionar com meninas mais novas, que meninas já são mulheres. Ele sempre deixou muito claro seu desejo pelas meninas que fotografava. Eu nunca mais fiquei sozinha com ele”, relata. Para se recuperar do trauma, Carla precisou fazer terapia.

Confira outros relatos chocantes de vítimas do fotógrafo

O ND+ tentou contato com a defesa de Jorge Moura, mas até às 11h desta quinta-feira (21), não teve retorno. O espaço segue aberto.

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