Apenado desfruta ‘terapia complementar’ em imóvel de luxo no litoral de SC

Você já imaginou passar uma temporada em um apartamento de luxo com quatro dormitórios, garagem e Wi-Fi, localizado no centro de Balneário Camboriú (SC), ao custo de R$ 1.823 a diária? Pois foi isso que um apenado fez, alegando que precisava fazer uma “terapia complementar” para sua saúde mental.

Prédios de luxo em um dia de sol

Condenado aproveitou as “férias” de dezembro em um apartamento de luxo — Foto: Prefeitura de Balneário Camboriú/Divulgação/ND

O problema é que ele cumpria pena em regime aberto pela prática do crime de peculato e precisava da autorização do juiz para se ausentar do município de Itapiranga, no Oeste Catarinense. O pedido foi feito em dezembro de 2022 e, apesar do parecer contrário do Ministério Público, o juiz concedeu a autorização. No entanto, quando o apenado voltou da viagem, ele informou ao juiz o endereço do apartamento de luxo como local do tratamento terapêutico e não apresentou nenhum outro comprovante.

Diante disso, o MP solicitou uma audiência de justificação para apurar a possível falta grave cometida pelo apenado. Na audiência, ele admitiu que não fez nenhuma terapia durante a viagem e que apenas aproveitou as férias no litoral com a família e os amigos, em confraternizações e rodas de conversa.

O promotor de Justiça, Tiago Prechlhak Ferraz, que atua na execução penal, argumentou que o apenado induziu o juiz em erro ao afirmar que precisava fazer uma terapia complementar, quando, na verdade, apenas quis se divertir no litoral em um apartamento de luxo. Ele requereu, então, a regressão de regime do apenado de aberto para semiaberto, o que foi deferido pela Justiça.

Férias de dezembro e luxo

Segundo o promotor, a conduta do apenado demonstrou desrespeito às regras impostas pelo juiz e à própria execução penal, além de revelar falta de comprometimento com a sua ressocialização. Ele ressaltou que o Ministério Público não está questionando o estado de saúde psicológica e física do apenado, mas sim afirmando que ele mentiu para o juiz e para a sociedade.

Condenado aproveitou as “férias de dezembro” em um imóvel de luxo em Balneário Camboriú — Foto: Prefeitura de Balneário Camboriú/Divulgação/ND

“A execução penal deve ser levada a sério, sem permitir benefícios em favor de uma ou de outra pessoa quando não há demonstração suficiente de situação excepcional que permita o tratamento diferenciado. A referida situação cria precedente perigoso para permitir que todos os apenados recebam permissão para passear em cidade turística porque é bom para o bem-estar mental”, ressaltou.

O crime de peculato consiste em se apropriar ou desviar dinheiro, ou bens públicos em proveito próprio, ou alheio. A pena prevista é de dois a 12 anos de reclusão e multa.

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