Concursos e investimento de R$ 86 mi em infraestrutura: os 6 meses de Jorginho na Segurança

Após três anos em queda, a taxa de homicídios em Santa Catarina voltou a registrar alta neste primeiro semestre de 2023. Foram 305 casos frente a 288 no mesmo período do ano anterior, segundo a SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública). A pasta vê o avanço de facções como o principal motivo para o aumento nos primeiros seis meses de governo de Jorginho Mello (PL).

Dentre as medidas adotadas pela gestão neste período para reforçar a segurança estão a abertura de concursos públicos para ampliar o efetivo de militares e policiais civis, além do investimento de R$ 86 milhões em equipamentos e infraestrutura durante todo o ano.

A reportagem faz parte da série do ND+ que mostra como o governo estadual lidou com a Educação, Finanças e Saúde e Segurança Pública nos seis primeiros meses de 2023. Veja aqui.

Jorginho Mello (PL) em solenidade na PMSC – Foto: Roberto Zacarias/SECOM

Apesar da alta em 2023, os dados dos primeiros seis meses estão abaixo do que foi registrado em 2020 e 2021, quando 396 e 309 pessoas foram vítimas de mortes violentas entre janeiro e junho dos respectivos anos.

O secretário de Segurança Pública, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, atribui a estatística à atuação do crime organizado. As inteligências do Estado observam uma movimentação de facções em território local.

“Temos o maior número de portos, que é o melhor meio de transportar grandes quantidades de substâncias entorpecentes”, justifica Oliveira. “É a cereja do bolo para essas organizações”.

O Estado tem cinco portos ativos, em Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul, Itapoá e Imbituba.

Crime organizado mira Joinville e Balneário Camboriú, analisa SSP

O município de Joinville, no Norte do Estado, é a cidade catarinense que teve a maior alta: foram 32 mortes violentas neste primeiro semestre – 13 a mais do que o documentado no mesmo período do ano anterior. Depois vêm Criciúma (aumento de 6 casos neste ano), no Sul, e as litorâneas Itapema e Balneário Piçarras (alta de 5 e 4 homicídios, respectivamente)

“Há uma determinação geográfica desse aumento, que é Joinville. Como é uma cidade próxima à Curitiba, atendida pela BR-101 em larga escala, além de outras razões estratégicas. Entre eles [as facções], estão brigando para se instalar e iniciar a partir de Joinville, o que produz muitas mortes”, destaca o secretário.

Secretário de Segurança Pública, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, aponta motivos para aumento dos homicídios no Estado – Foto: Leo Munhoz/ND

De acordo com Oliveira, as forças de segurança catarinenses atuam para mapear a atuação dessas organizações. “Percebemos forte interesse em lavar dinheiro em Balneário Camboriú, devido ao valor dos imóveis”, ilustra.

De fato, a cidade do litoral de Santa Catarina virou alvo de organizações, principalmente por lavagem de dinheiro. Em fevereiro, uma operação investigou as compras de imóveis em Balneário Camboriú na ordem de R$ 23 milhões. Já em março, carros de luxo e um avião foram apreendidos na cidade e em Palhoça em razão do mesmo crime.

Feminicídos também em alta e sem delegacia da mulher por 24 horas

Outro indicador preocupante é a taxa de mulheres mortas em razão de gênero ou em contexto de violência doméstica. O primeiro semestre repetiu a alta registrada em 2022 quando comparada aos anos anteriores.

Ao todo, 30 mulheres foram vítimas de feminicídio, uma mais em relação a 2022 para o mesmo período. Entre janeiro e junho de 202029 e 2021, a taxa foi de 24 e 20, respectivamente.

Em meio aos dados, Santa Catarina informou, em abril, não possuir efetivo policial e verba suficiente para manter abertas as delegacias da mulher por 24 horas, demanda exigida em lei pelo governo federal.

De acordo com o Observatório da Violência Contra a Mulher, Santa Catarina possui 32 DPCAMIs (Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso). Isso é equivalente a 10% das delegacias no Estado.

Roubos e latrocínios caem em 2023

Há também indicadores de segurança pública que apresentaram melhora neste primeiro semestre, como as taxas de roubos e latrocínios. São as duas maiores quedas entre os crimes computados.

O número de roubos nos primeiros seis meses de 2023 é a menor quando comparada ao mesmo período dos três anos anteriores. Foram 3.568 até o último dia 30, 18% a menos que no primeiro semestre do ano passado. Os anos anteriores apresentaram ainda mais casos: 4.448 (em 2021) e 5.169 (2020).

PMSC teve concurso anunciado para ingresso de novos policiais – Foto: Ricardo Wolffenbüttel/SECOM

Somente três latrocínios (roubo seguido de morte) foram notificados nestes primeiros seis meses, menos que a metade do identificado em 2022, quando 10 pessoas foram vítimas do crime. Em 2022 (16 casos nos primeiros 6 meses) e 2020 (7) os registram também foram maiores.

Para o governo, a melhora é reflexo de R$ 86 milhões investidos em estrutura, treinamentos, equipamentos e novas viaturas.

SC quer reforçar segurança com mais policiais

Nos primeiros seis meses, o governo de Santa Catarina anunciou a abertura de concursos para ampliar o efetivo da forças de segurança. Atualmente está em fase de contratação a banca que irá coordenar o processo de seleção de 30 delegados e 30 psicólogos para a Polícia Civil.

Também há concursos em andamento para o ingresso dos novos efetivos na Polícia Militar, na carreira de Praças e Oficiais. São 500 vagas para soldados, e 50 para oficiais. As provas serão em agosto.

Dentre os investimentos recentes, o governo disse que entregou em junho 15 viaturas e computadores para equipar as delegacias da Polícia Civil dos municípios da Serra catarinense, investimento que representa cerca de R$ 2 milhões.

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