Dinossauros viraram aves? Paleontólogo explica papel da genética na evolução animal

Enormes, fortes, perigosos e com bocas repletas de dentes extremamente afiados. Essa é a visão que muitos têm sobre os dinossauros, criaturas que habitaram a Terra há mais de 66 milhões de anos. Mas você sabia que as aves também são dinossauros?

Exatamente. Conforme explica o mestre e doutor em Paleontologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Sérgio Furtado Cabreira, “os pássaros que conhecemos hoje em dia surgiram dos terópodes”, dinossauros bípedes (andavam sob duas patas), carnívoros e ágeis.

Dinossauros se tornaram aves após milhares de anos de evolução

Entenda como a genética fez com que os dinos virassem aves – Foto: Freepik/Reprodução/ND

Dos dinossauros às aves

Outras características marcantes desses animais eram os ossos pneumáticos, dotados de cavidades que os tornavam mais leves e ágeis, e a presença de penas para proteção em algumas espécies. Inclusive, as penas eram mais comuns entre as pequenas criaturas da época, com as quais o processo de transformação se intensificou.

“Além disso, inicialmente alguns terópodes tinham bicos com dentes de queratina, dentes esses que deixaram de existir com o tempo”, comenta o paleontólogo. E isso ocorreu porque tal característica era uma tendência, já estava de certa forma “escrita” na genética desses animais, sendo, portanto, algo inevitável.

Sérgio Cabreira explica que “na natureza, quando uma espécie nasce com algum aspecto que dificulta a sobrevivência ou que não é o mais adequado ao estilo de vida dela, então esse animal não sobreviverá para ‘contar a história’ e passar adiante a mesma característica”.

Desse modo, com o passar do tempo, o próprio genoma (perfil genético de uma espécie, transmitido de geração em geração) fez com que alguns dinossauros se adaptassem até se tornaram as aves que conhecemos hoje em dia. Por exemplo, o mesmo gene que os levava a ter ossos mais leves também induzia o crescimento das penas de voo.

Ele lembra que, inclusive, essas transformações continuam acontecendo atualmente, porém “o ser humano não consegue dimensionar, perceber com clareza essas alterações justamente por conta do tempo”.

E vale ressaltar também a importância do meio ambiente e das transformações que ocorreram na Terra ao longo de todos esses milhares de anos. O aumento da concentração de oxigênio na atmosfera, o desenvolvimento da vida vegetal e outros acontecimentos possibilitaram o surgimento da vida em solo terrestre, fora do mar.

Assim, Cabreira dá um alerta e diz que “as pessoas devem ter consciência sobre os impactos dos nossos atos na natureza e como isso pode nos afetar futuramente”.

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