Ciclistas preocupados com segurança nas ciclovias de Balneário Camboriú e a utilização por outros modais

Dificuldade para fiscalizar/multar envolvidos prejudica a situação

Um leitor procurou o jornal para relatar a situação que percebe nas ruas de Balneário Camboriú – mais especificamente nas ciclovias. Ele disse que percebe que não há prioridade àqueles que dependem da bicicleta para lazer ou trabalho, pois precisam disputar espaço com outra bicicleta, veículos ou até motos, o que é demasiadamente perigoso.

O Página 3 também conversou com a BC Trânsito, que iniciará em agosto uma campanha focada nos modais como patinetes e bicicletas elétricas.

Foto Leitor/Reprodução

Acompanhe abaixo.

O morador que enviou o relato ao jornal destacou que há outros obstáculos, como bueiros, desníveis etc. e que, em sua opinião, também não há respeito com o pedestre nem na faixa de segurança.

“E a cada dia que passa tende a piorar aumentando a insegurança. Por certo depois dos 60 anos, que é meu caso, os reflexos não são os mesmos. Nos semáforos não é diferente, ou você corre ou corre o risco de um veículo ou moto te atropelar, esse último um pouco mais agressivo. Dito isso, concluo que o poder público deveria se fazer presente, através de seus agentes de trânsito etc. Nosso trânsito pode melhorar, desde que todos colaborem”, escreveu.

Divulgação/PMBC

O Página 3 também ouviu o ciclista Luiz Balena, de Balneário Camboriú, que treina longas distâncias nas estradas.

Ele relatou que tem mais medo de andar nas ciclovias e ciclofaixa da cidade do que nas estradas treinando e que considera pedalar nas rodovias ‘muito menos perigoso’ do que nas ciclovias de Balneário.

“É muito difícil uma solução porque é um problema sério e muito amplo que a gente vive e já não é de hoje. Na ciclofaixa você tem, muitas vezes, carro estacionado para fazer entrega, para descarregar passageiro, mães e pais empurrando carrinho de bebê, moradores de rua com seus carrinhos, idosos caminhando de andador, mesmo não sendo lugar”, disse.

Balena pontuou ainda que há falta de educação do ciclista, que anda na contramão, não usa sinalização, não usa capacete, não para em semáforo, etc.

Acidente na ciclofaixa foi notícia nacional (Foto Reprodução)

“É um problema que exige uma ação combinada e simultânea de fiscalização e de educação e que não é algo que vai consertar a curto prazo. E fiscalização, por exemplo, eu nunca vi. Guarda Municipal não faz pela atribuição dela. Aí tem os agentes de trânsito, mas eu nunca vi ação de agente de trânsito ali, nem da PM também”, acrescentou.

O que diz a BC Trânsito

O Supervisor Geral de Trânsito da BC Trânsito, Alfredo Von Knoblauch, salientou que as ciclovias e ciclofaixas são destinadas a bicicletas e veículos de mobilidade individual autopropelidos.

Ciclomotores já devem ir na faixa de rolamento veicular – ciclofaixas e ciclovias têm uso compartilhado entre alguns modais principalmente bike, seja elétrica ou não.

“Essas de dimensões maiores já podem se enquadrar, depende de cada equipamento, tem especificação para ser considerado ciclomotor. Autopropelido é equipamento de 2 ou mais rodas, movido a motor que não pode ultrapassar 1000 watts, velocidade máxima não pode ser superior a 32km/h, não pode ultrapassar 70cm de largura e nem distância entre eixos (central da roda dianteira e traseira) 130cm. Tudo que vir a extrapolar especificações já entra em ciclomotor. Se ultrapassar isso, tem que utilizar lado direito da faixa de rolamento”, explicou.

Alfredo comentou que nenhum modal pode ir na calçada, incluindo bicicletas, e que ciclomotor não deve ir nem na ciclovia. Patinetes e bikes elétricas também não podem ir na calçada – se não tiver ciclofaixa ou ciclovia tem que usar faixa de rolamento, no bordo direita da via.

“Ciclomotor se compara a uma motocicleta, em termos de equipamento, habilitação (moto exige categoria A) e ciclomotor cabe também autorização – é a única diferença, as outras regras são as mesmas. Até 31/12/2025 é a data para registro dos ciclomotores. Eles cometem irregularidades porque a fiscalização está refém de legislação que ainda não os registrou, com prazo até fim 2025. Para os autopropelidos não exige nada, fala-se de exigência de registro somente para fim de 2025, por isso temos que trabalhar na conscientização. Se não está sujeito a multa, fica difícil a fiscalização”, acrescentou.

Por isso, a BC Trânsito está com a campanha Siga Legal, que contará com blitzes educativas e visitação em colégios da cidade, pois muitos adolescentes utilizam esses modais.

“Vamos colocar banners nos colégios e distribuir flyers. A ideia é começar agora em agosto. A Escola Pública de Trânsito fará a mediação da autarquia com as escolas”, pontuou.

Mais detalhes

A metodologia de análise de sinistros (acidentes de trânsito) da BC Trânsito tem como base os dados e informações recebidos da PMSC, através da Centro de Operações da 3ª Região PM e disponíveis junto ao sistema de estatísticas de sinistros do Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina – DETRAN-SC.

Foi verificado que durante os anos de 2022 e 2023 foram registrados, respectivamente, 5.492 e 5.984 sinistros de trânsito em Balneário Camboriú, sendo que no primeiro semestre deste ano de 2024 já se registraram 3.280 sinistros, significando um aumento de 10% no número em relação ao mesmo período do ano passado, sinalizando uma tendência de crescimento.

Porém, desses 3.280, 10 envolveram bicicletas, 197 motonetas, 492 motocicletas e 18 autopropelidos/ciclomotores.

“Preocupado com esse cenário, a Autarquia tem estudado os locais de maior risco de acidentes, visando determinar as suas causas, meios e soluções necessárias para a melhoria da segurança viária”, disse.

Recentemente, a Escola Pública de Trânsito da BC Trânsito produziu um material de campanha voltado especificamente para a conscientização dos condutores/proprietário de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual autopropelidos.

“Passaremos a focar nesse viés eminentemente educativo, uma vez que a Resolução nº 996/2023 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN estabeleceu que os proprietários de ciclomotores terão o prazo de até 2025 para incluírem esses veículos junto ao RENAVAM”, informou o supervisor.

Diante desse prazo e a ausência legal de emplacamento desses veículos, inexiste como autuar e processar eventual infração de trânsito cometida.

“O que levou a BC Trânsito a produzir esse material de campanha para uma conscientização sobre essas últimas resoluções e regras básicas de circulação em via pública”, completou.

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